quarta-feira, 16 de junho de 2010

insegurança, pra que te quero?

ela acordou de mãos dadas comigo enquanto o despertador gritava 5:30 da manhã. no escuro do quarto, piscamos os olhos e nos perguntamos mais uma vez: porquê?
ela me viu trocar de roupa, sentada na cama ao meu lado. elogiou as minhas linhas de expressão na testa, sim, aquelas que ficam estampadas quando preocupação é algo constante.
mesmo no frio da rua, ela não me abandonou. ficou firme como uma casa edificada sobre uma pedra. queria eu que não.
ao final de cada uma das seis aulas, lá estava ela me lembrando de que me esperava.
a sirene soou, arrumei meus pertences e caminhei na multidão de desesperados e já ali ela havia me encontrado.
fazendo juntas o caminho da minha casa, que agora dividíamos como irmãs, a escutei dizer calada que seremos amigas de longa data e que ela só poderia voltar pra sua vida quando fosse substituída. em certo momento até vacilei, pensando em concordar com esta hipótese. sei lá, às vezes era bom ter companhia.
passaram-se 3 semanas, 3 dias, 3 meses e eu me cansei dela. será mesmo que não ia me deixar mais? cansei-me de suas paranóicas fora de hora, de seus avisos verdadeiros e inconvenientes. resolvi viver na mentira. sim, a ignorância movia o mundo e eu não queria saber de mais nada. sofrer o menos possível. viver por enquanto assim: quem muito quer, pouco consegue.
insisti perante ela quem a substituiria. decepcionada por eu estar quebrando os afetivos laços que construímos esses últimos meses, ela relutou. no final porém, precisava partir também - me confessou que era a confiança, a única que seria capaz de substituí-la.
procurei em todas as esquinas, ruas, avenidas, salas, bibliotecas, livros, consolos, copos de cerveja e conversa com amigos. tudo em vão. o primeiro lugar que eu deveria procurar era dentro de mim. logo o mais difícil e complexo.
bom, por enquanto ainda não achei. por isso a Insegurança ainda está aqui como companheira das horas de meus tempos. e eu sigo nessa busca, que eu não sei (e nem saberei até terminada) o quanto dura. só sei que dura.

5 comentários:

Anônimo disse...

Pôxa, que texto gostoso de se ler, uma narrativa estilo crônica ou conto... Gostei muitíssimo! Um grande abraço!

Arathane disse...

lga de mão dessa insegurança feia ... mto legal seu texto ... vc podia msm virar cronista guria ... boto feh grandão !!!! eu tô aí como fã número 1 segurando a carterinha do fã clube !!! êbaaaaaaaaaaa

Leonardo Xavier disse...

Raiza se preocupa não que por mais que a segurança substitua a insegurança, a última sempre faz uma visitinha em algum momento quando a gente menos espera.

CamilaSB disse...

Insegurança todos nós já sentimos em alguns momentos de nossas vidas...convivendo com ela, aprendemos a caminhar pouco a pouco, rumo à esperança...e a qualquer momento, a segurança há-de aparecer, nem que seja por breves instantes.
Sáminina...gosto muito dos seus textos, para uma menina tão jovem, eles revelam uma grande capacidade
de exposição de ideias e de análise...parabéns! Um grande beijinho e obrigada pela sua visita volte sempre. Voltarei...

CamilaSB disse...

Distraí-me...é só para agradecer o poema que me deixou, gostei muito. Recitei esse poema num teatrinho da minha escola na minha infância... fiquei muito feliz porque me fez lembrar esses tempos. Mais uma vez obrigada!