sexta-feira, 24 de novembro de 2017

prosa poética pro universo

eu quero o novo. o lusco-fusco dos seus cabelos prateados, o cheiro da maresia. quero as suas camisas de banda. o seu gato gordo me mordiscando de manhã, eu quero o novo. eu quero os seus cílios loiros compridos, seu corpo rabiscado no meu. quero você cozinhando na minha casa, escolhendo o disco, o tempero, me lembrando o que tem na minha dispensa. quero a gente no bar 24h, esquecendo as coisas e sempre arrumando motivo pra voltar. quero o seu jeitinho doce me acordando, seus olhos verdes me saudando bom dia. quero mais rolhas de vinho no pote da estante. eu quero os atrasos dos nossos compromissos, simplesmente por ser difícil demais deixar a cama. quero falar de revolução, nas nossas conversas intermináveis sobre os mais variados assuntos, o jeito idiota que a gente se olha e ri. eu quero as piadas sobre seu gosto musical peculiar, quero a Frida te esperando chegar no quarto pra ronronar especialmente pra você. eu quero o novo. o banho que a gente toma juntos, meio morno que eu odeio mas que eu amo porque tenho a sua companhia. quero te emprestar meus livros, te explicar direito. quero saber sua opinião. eu quero almoço mais vinho mais perder a hora pro cinema mais cerveja conseguir as entradas do cinema mais documentário cult. quero nossos fetiches militantes. quero te ver bebinho, te levar pra casa, tirar a sua roupa. quero isso reiteradas vezes. eu quero o novo, te carregar nos meus pensamentos. quero saber que te vi antes de ontem, ontem e hoje vou te ver de novo. quero o novo, porque toda vez é novo, todo olhar é novo, toda perspectiva é nova e brilha frente aos meus olhos em dias como hoje, de um céu muito azul. quero o macio dos nossos beijos, quero o deserto que você deixa quando vai embora e só fica o cheiro do seu xampu na minha roupa de cama. eu quero você, me acariciando e fazendo comentários sobre a minha pele macia. e nessa confusão de te querer e me olhar, me perco nesse seu universo, único, me mostrando coisas que sempre estiveram ali mas que eu nunca tinha enxergado.

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