terça-feira, 23 de novembro de 2010

singular luz difusa.





















E sê plural como o universo. Nas ruas, nas calçadas, nos bares e lojas, enquanto vivendo ou depreciando. Sê plural com as coisas simples, que de tão simples singulares são. Sê a mudança que se quer ver no mundo. Que de tanto mudar, normal se torna. E que de tão normal é, passa a diferente ser. Sê plural no meio de muitos, e singular dentro de plural ser. Sê amor no plural, multiplicativamente. Até singular se tornar.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Espera.

Enquanto a frente fria chega e o Amarante canta no rádio eu busco a consistência nos seus atos inconstantes, na inconsistência do amor. Acho que sou capaz de pensar o mundo na sua ausência, mas que também aprendo sobre a história da vida e dos povos na sua presença. Tudo aquilo sobre os Hapa Nui e os Incas, as histórias perdidas da América Latina e dos outros países, eu sei de todas elas. Mas acho que a única história que quero trilhar é a minha e a sua, a história de como cabemos tão bem numa cama pequena e com os pés roçando.
Entendo sua implicância quando eu te faço usar as roupas que eu gosto e suas birras quando eu te mando cortar o cabelo do jeito que eu quero. Mas é que desde então você respira para mim, e não existe mais um outro nicho ecológico que combine tão bem com a sua natureza quanto esse.
O fato é que amanhã você vai chegar com flores e suas promessas de tempos bons, e eu não tenho nada mais a fazer a não ser te acariciar os cabelos e te dizer que vai ficar tudo bem. Que o governo não vai sofrer nenhum golpe de Estado, que a bolsa de valores não vai quebrar e que os barris do petróleo continuam abaixando de preço mas a gasolina pra nós não. E te dizer que apesar da conspiração do Universo, da CIA e da Gestapo, estamos juntos porque nos amamos e somos teimosos como duas mulas, sem intenção ou possibilidades de descendentes férteis, sem entender qual nossa função nesse mundo de tantos anos - com exceção de viver esse amor.

domingo, 7 de novembro de 2010

pergunte ao pó, Bandini.

"...Bandini, caminhando sozinho, não alto, mas sólido, orgulhoso dos seus músculos, apertando os punhos para gratificar-se no duro deleite dos seus bíceps, o absurdamente destemido Bandini, sem medo de nada a não ser do desconhecido num mundo de misteriosa maravilha. Os mortos ressussitaram? Os livros dizem não, a noite grita sim!..."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

vejo flores em você.

_a chuva cai impreterivelmente em todos os lugares. nada é mais importante nesse momento do que olhar os pingos escorrendo pelo vidro embaçado: o meu calor desgela as coisas frias.
calor que vem desse verão que chega me suando o gargalo. que vem das flores do jambeiro que mora em frente à minha janela. calor que vem de um sorriso, de um olhar, de um ato, de afeto.
_tanto calor cabe nas coisas pequenas, quando sorrimos com os olhos e dizemos "sim" com o coração.
brasileiros, vivos de expressão, fundidos no sol escaldante, acalorados em seus ardores e amores, em sua vida e em sua poesia: parabéns por sobreviverem ao verão, tendo dentro de si chuvas e alagamentos, terremotos e tormentos.
_ pois o frio nada mais é do que a ausência do calor.