terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

um ponto.


e o cerrado, antes tão distante, se transforma agora num mar de saudade.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

carnaval.

Viver de noite me fez senhor do fogo.

A vocês, eu deixo o sono.

O sonho, não!

Este eu mesmo carrego!

@Paulo Leminski.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Brasil.


O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval.

(Primeiro Caderno de Poesia do Aluno, Oswald de Andrade).


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

big bang.

e era apenas pó, areia, mar e conchinhas. uma mistura sinestésica de líquido e sólido. toda uma dúvida, uma promessa. toda ela inteira, pela metade. toda pronta e indecifrável. toda carnaval.
e era eu e você, ele e nós. éramos todos. éramos sós. éramos acompanhados e desacompanhados. éramos todos. inteiros. pela metade. uma fração. de segundo, de momento, de tempo.
e eu que gosto do cheiro, do inteiro, do todo, do completo. eu que me vou com pernas e pés, com coração e mãos. eu que gosto do azedo, do amargo, do doce e do salgado. eu que gosto do sorriso e que gosto de gostar. eu que gosto da luz e da chuva, do abraço e do beijo. eu que desejo.
e ele que gosta de aviões e automóveis. de viagens e fotografias. de rock e de samba e de carnaval. ele que é mar, que é céu, que é vento, que é seu. ele que é meu, que é nosso. constante e alucinante. ele que é todo sorriso e todo abraço. todo carinho. todo laço.
e eles que eram casais. e elas que eram apenas elas. que gostavam de campings e barracas. de fogueiras e fogos. eles todos que eram companheiros. amigos, peraltas, festeiros. eles que eram e seriam sempre eles. na Bahia, no Nordeste, no Sudeste. no Rio de Janeiro e no cerrado.
eles que eram todos e tantos, loucos e santos. e aquela areia e aquele pó. e tudo mais aquilo que se mistura e se dissolve mas continua eternamente heterogênio - tudo aquilo se juntou e formou o big bang do amor.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

acontecido.

acontece que a brisa do verão se tornou muito mais agradável do que eu imaginava. e as minhas poses e apelos se misturaram ao vento quente nos cabelos, e aos sorrisos que eu solto sem ter motivos nem porquês. nunca, o fato de esperar tornou-se tão confortável e gostoso.
deitar-se num gramado verde no fim da tarde num estado de êxtase. lembrar do passado, pensar no futuro, com uma esperança imensurável de dias melhores. poder sentir o verde da grama te abraçando, te afagando a respiração como um amigo afetuoso. sentir que os raios do sol apadrinham nossas maçãs do rosto numa dança leve das Américas - o velho mundo. abraçar o futuro com a certeza de que algo muito maior e maravilhoso está para acontecer. muito mais que uma anunciação: uma profecia.

e tenho dito.