sábado, 31 de outubro de 2009

as estrelas.

_ Silêncio! Vamos parar pra ouvir as estrelas...
E só se ouvia a banda de rock tocando CSS ao fundo! No meio da névoa do jardim, barbas, cabelos volumosos e encaracolados, contas, panos coloridos, all stars, grama e cheiro de cerveja. Alguém gargalhou à esquerda! Os musicos dançavam o rock frenéticamente ensaiados; No canto, a mocinha sorria. Alguém começou a tocar Sérgio Sampaio. Todos gargalhavam e acompanhavam o violão. A fumaça tomava conta da roda, das pessoas, dos lábios, da boca, da garganta, da mente. O colorido enchia os olhos e os lugares de cor. Milhões de células cósmicas sentimentais reunidas vibrando ao som do rock anos 60 - quase um milésimo de instante nostálgico na efêmera eternidade do tempo.
Pegou uma seda, despediu, e partiu com a sua solidão insólitamente hilária com o colorido nos olhos. E as estrelas brilhavam forte... lá em cima.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

quinta-feira chuvosa

a chuva traz de volta
as lembranças
que eu queria esquecer.

domingo, 25 de outubro de 2009

primavera se foi e com ela meu amor...

os ramos de flores róseas já chegaram; voltaram com a espontaneidade cósmica do tempo anunciando a primavera. nesse país tão tropical, fica até difícil de saber quando a temporada das flores chega. mas de fato chegou, trazendo o pré-calor do verão para aquecer os corações desamparados.
as flores que me viram germinar e brotar; que me viram crescer. que brincaram comigo em tantas subições de árvores. ciclos de vida que presenciei e que me presenciaram nessa louca trajetória vital.
os ventos dos bons fluidos se misturam no calor de pré-veraneio; invadem minha casa, meu quarto, meus corredores, meu chão, minhas roupas, meus livros e o meu filtro dos sonhos. sonhos. sonhos que sonhamos acordados ou dormindo, todos os dias. o coração reaquece; as esperanças resurgem; o amor pelas pequenas coisas renasce nos mínimos detalhes. o amor benigno. o amor que tudo quer amar e que nada quer em troca. o amor paciente, que não se ufana; que não arde em ciúme e não se ensoberbece; aquele que não se exaspera e que se regojiza da verdade. amor supremo.
e numa flor, surge a anunciação da primavera; resurge a primavera; resurge o amor...

domingo, 18 de outubro de 2009

domingo de dia

dia de domingo:
o sol brilha lá fora,
a praia irradia frescor,
eu aqui dentro
e o suor.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

na madrugada...

que mistérios se escondem atrás das trevas? que tipo de segredos pairam no cosmos de um jardim longo e verde, com aquela árvore de flores róseas e colibris e aquela brisa lenta mormaçada com o calor da primavera e gélida como a sensação dos pólos? na noite, eu escrevo. escrevo só e tanto. e pergunto, questiono. que tipo de dúvidas são contrastadas com pixels, cores e cristais líquidos? as óticas das ilusões me pegam em cheio, me beijam a boca e me jogam no chão. me pisam, me maltratam, me amam e me desprezam, numa louca transitoriedade com cheiro de cereja e um quarto tocando o blues. minha cerveja jaz ao meu lado. única companheira nessas noites tão frias e ausentes. única que ainda me faz calor. única que me colore o olhar, que me enche o sorriso, que me cora as faces, que conversa e discute comigo, única.
em algum lugar do mundo, as tartarugas cantam, doces e agudas, calmas e radiantes, motrando-se ali também. mas seu canto é tão alto que me faz não escutar mais a realidade. e desde então vivo de sonho. e já não sei ser mais nada além disso.

domingo, 11 de outubro de 2009

para isso.

praia sol
sol praia
praiasolpraiasol
solpraiasolpraia
p a r a í s o.


Raiza C.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

o ritmo dos pingos ao cair no chão...

uma imensidão de pingos prateados a cercava pelo céu da cidade. o cheiro de terra molhada invadia a vida. a rua sempre fria, sempre solitária, a rua sempre. e a chuva caía em seu rosto, prometendo trazer as respostas que ela não conseguia encontrar.
estariam lá em cima, na imensidão, escura agora por aquela capa de trevas? estaria caindo em migalhas com a chuva, pronta para acolher-se em algum lugar e cicatrizar as feridas?
o que é que a chuva promete que nós nunca sabemos o que é...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

o ônibus passou pela ponte.

lá embaixo, o mar refletia o dourado do sol em rajadas de cores azul-prateadas. o vento bagunçava os cabelos e a música ressoava.
ela se aproximou com suas roupas de estampas simplórias. sentou-se na minha frente, nos bancos reversíveis. fitou a minha boa aparência, olhou até com desprezo. seu suor reluzia àquela luz, juntamente com a sua aliança de ouro barato. mas passaram-se dez minutos e ela caía num sono profundo como o dos anjos. seu semblante sofrido, adormecia em plena paz; suas mãos de trabalhadora demonstravam o cansaço e a luta do dia-a-dia. abraçava a bolsa, o pouco que deveria ter, num gesto protetor e acalentador.
comecei a pensar nos caracteres daquela jovem senhora. deveria ter no máximo 35 anos, mas as linhas de expressão já delineavam o rosto. teria filhos? um, dois, três, quatro, nenhum? teria pais ainda? seria casada? teria alguém e algo pra chamar de seu?
há tantas pessoas por aí; tantas mãos como aquelas, que refletiam o suor do trabalho. tantos que trabalham tanto, e que mesmo assim conseguem adormecer com a paz do cansaço celestial do fim de um dia, dentro do ônibus, no meio de tanto barulho e pessoas.
levantei e dei o sinal, era o meu ponto. o dela era bem mais longe. quem sabe numa mansão, num lugar melhor que o meu; quem sabe no fim da linha, onde há um boteco sujo de esquina, uns vira-latas correndo pela rua, um lixão a céu aberto e um barraco cheio, completo de alegria. e lá se foi minha companheira de viagem, dormindo no seu sono angelical com seu suor reluzente.

domingo, 4 de outubro de 2009

sun day.

sen tido.
pra que ter?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

serafim.

será
o fim
serafim?
ser afim
se à fim de
será?

as frases dessa sexta.

hoje anoiteceu
mas o sol esqueceu de ir.
as pessoas deveriam não ter
o direito de viver sem nós.
a cerveja deveria ser
essencial como àgua.
os vestibulares deveriam funcionar
de acordo com a nossa vontade:
todos deveriam passar
e tomar glicose depois
nos hospitais da cidade !