terça-feira, 26 de julho de 2011

mistério do planeta.


os poetas foram jogados aos cadafalsos. as mais belas melodias, jogadas ao vento. tudo que um dia foi, tudo o que é: nada jamais será. enquanto o vento paira sobre os guetos arruinados de um velho amor cheio de rugas e cicatrizes, eu ouço você cantar no alto de uma varanda do sexto andar.
é a doce brisa que insiste em se entranhar no meu cangote suado, o mesmo que você insiste em beijar deliberadamente. eu fecho os olhos e sou toda luz, toda música, toda fronteira. são apenas milhões de pequenas-coloridas luzes, doces venenos que se escondem no marrom dos seus olhos.
eu e essa prosa prosaica que esconde a minha vontade de te levar aos lugares mais inusitados e boêmios do centro da cidade. vai ver que é porque você tem esse ar urbano, ao mesmo tempo que nasceu na Bahia, morou no Pará ou na Nova Zelândia. Vai ver é o seu perfume meio âmbar que me embebedou. Vai ver, vai saber: no fundo é só mais um mistério desses da vida, dessas loucuras que não sabemos de onde vieram ou pra onde vão nos levar.

terça-feira, 5 de julho de 2011

desconsertamento.


dai-me Deus, uma dose de esquecimento
um prozac pro o sentimento
um conhaque que cure a dor.
um esmalte pra cobrir as garras
meia arrastão pra esconder as caras
maquiagem que esconda as olheiras
um bom papo des-farçando bobeiras
na frente do espelho.




dai-me Deus
amigas pra mascarar
quando aquele olhar eu buscar;
salto alto pra poder pisar
nos corações alheios
que ousam o caminho cruzar.
porque nessa noite
a noite é minha
a noite é só
eu e a lua
e o meu conhaque
e o meu prozac
e a dose de esquecimento
e o desalinho desalento
e a lembrança do esquecimento
da noite que era dele.

um poema do esquecimento
pra paginar o momento
pra se eternizar
desconsertamento.