quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Alice segundo as erradas escrituras.

Alice, bem aventurada Alice. Marginal nas entrelinhas, máscara de boazinha. Gata parda quando anoitece, frequentadora dos becos, ruelas e latas de lixo.
Ah Alice, você e essa sua desenfreada vida! Que de tanto esquecer os freios quebra a cara no chão. E que de tanto quebrar a cara se delicia. Que será de você Alice, quando não mais brilharem as luzes estroboscópicas em cima de sua poesia? Sem dúvida vai se perder em alguma rua de paralelepípedos, dentro de algum Troller amarelo, numa nuvem de algodão doce, no planalto central, com os meninos do centro, no pagode do Porto, no cemuni da UFES.
Alice de modos e jeitos, Alice de fotos e beijos. A poderosa Alice, não mais loira, não mais de vestidinho azul. Alice que gosta da Marilyn, dos Beatles, de Kerouac, Leminski, Waldo Motta, Chacal, Graciliano e Clarice. Alice que acha que a vida é bela. Alice que quis ser hippie. Alice que quis ser rock. Alice que finalmente não escreveu aquela carta de amor. Mas com um leque de opções incontáveis pela frente, continua sendo Alice. Tudo que neon e cor de framboesa for, tudo que é cereja e love spell. Tudo o que nos menores frascos conserva as melhores essências. Tudo o que se pode desejar, tudo que se é.
Tudo o que você quer é seu, Alice. E disso, você sabe.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

às onze.

Quando eu era pequena e passeava pelos canteiros, gostava muito de uma florzinha super-colorida chamada Onze Horas. Ela se abre sempre às onze, por isso o nome. Mas o que mais me chamava atenção era a cor: parecia de mentira, de tão forte fúcsia que era. O tempo foi passando e eu nunca mais vi aquele colorido. Mudei do Jardim de Infância pro Ensino Fundamental, do Ensino Fundamental pro Ensino Médio, do Médio para o cursinho.
Hoje depois de tanto tempo, me lembrei do colorido daquela flor. E do quanto ele me faz falta às vezes.