sábado, 24 de março de 2012

Vicky Cristina Barcelona


É Alice, depois de anos você sentiu novamente que ninguém no mundo podia entender o que naquele momento você sentia. Sentiu que era único, que era intenso, que queimava. E brilhava dentro de ti, como qualquer coisa que apaixonantemente brilha no meio da noite, da infindável escuridão. E de volta está você, Alice. Com todos os olhares questionadores que só você sabe dar, com todas as promessas nos lábios que só você pode conter. E ainda me diz que amou o filme, que o cinema é mágico, porque ele mostra todas as coisas que gostaríamos de realizar um dia, mas que nunca realizamos por não termos perfil de protagonista. Ah, você sabe Alice. Todo esse jeito europeu, as ruas de Barcelona, a coragem de não seguir padões americanizados e capitalistas, o jeito Scarlett Johansson de ser, o carro vermelho antigo do pintor-músico sedutor. Isso tudo arrepia, e dá medo. E quando isso acontece você simplesmente acha lindo, e se tranca no quarto com seu um milhão de perguntas e algumas palavras no papel, como se quisesse responder a cruel questão que resolveria o problema do universo, a teoria do caos, da relatividade, e de todos os sentimentos luminescentes que podemos sentir nesse vão tão profundo que somos nós mesmos.
Já não importa mais se é Porto Alegre, Vitória, Rio de Janeiro, Brasília. Porque dentro de ti há todos os lugares, Alice, até mesmo Barcelona.