quarta-feira, 2 de setembro de 2015

aluguel

entre cervejas, no chão, cacos; vidros, líquidos derramados. um milésimo de segundo suspenso no tempo, a insustentável leveza do ser ou não ser pairando no ar.

- ar pesado. tem cheiro de levedura e lúpulo, de incenso e fulgor; tem cheiro de jasmim, canela-cravo e pimenta rosa.

entre uma piscadela de tempo do Universo, entre o piscar dos cílios. entre o piscar dos faróis, entre nestes espaços, preencha essas lacunas. entre o lusco-fusco dos outdoors, a cidade. entre e escancare a porta, entre e apague a luz.

- aqui estamos nós, nus, nuances; tons, nunca desbravados, nunca vencidos. notáveis, nostalgicamente acelerados. somos nada e tudo, acima de tudo normais. noturnos, inegavelmente foras-da-lei.

noctilucas azuis me trazem o movimento do vento, a dança dos sorrisos, a dinâmica dos acertos; o vai e vem dos carros, o ir e vir dos passos.

- cada vez mais longos, lentos, retilíneos; pernas, sombras; cada vez mais compridas, unhas, cílios. cada vez maiores, amores, encantos, desejos. cada vez, estranhos. impossíveis despejos.