terça-feira, 26 de junho de 2012

crônica de uma terça a noite.

hoje percebi que você já tem 4.2. nem parecia fazer tanto tempo assim que eu fui apresentada à parede amarela com uma linda marilyn sorrindo. sempre sexy, sempre sugestiva, sempre como você. incrivelmente inteligente, incrivelmente cheio de paixão e dor e poesia pela vida.
e como precisamos, todos nós, todos os seres vivos pensantes, como precisamos de aulas particulares de poesia. aulas que nos ensinem como é suspirar, aulas que nos mostrem a sutileza das palavras; e aulas que desvendem os mistérios do entendimento, que nos façam enxergar a diferença entre o quanto podemos ser rudes e o quanto podemos ser doces.
que seja doce. e que assim seja o cheiro do meu perfume adocicado misturado ao seu perfume âmbar enquanto nossos pés insistem em se entrelaçar na cama. enquanto eu conto os livros da estante, me recordo de como acho engraçado você mentir pra si mesmo sobre o quanto gosta de mim. é engraçado porque quando seus dedos se entrelaçam nos meus, numa busca sua por me ter, você desfaz todas as mentiras que sua língua invocou nesta terra.
você me ensinou coisas lindas. como amar apaixonadamente uma profissão. como se maravilhar com as descobertas que fazemos no dia a dia. como podemos encontrar sentimentos lindos e livres em coisas pequeníssimas. como se revoltar contra essa sociedade de falsos moralistas. como o amor pode nos mover em busca daquilo que realmente acreditamos. como o conhecimento pode ser algo prazeroso, poderosamente, diferente do que aprendemos por toda a vida nas escolas.
escolas, escolas da vida. será que a vida vai me ensinar tudo o que aprendi contigo, num lapso de espaço-tempo de línguas falando outra língua? existem coisas que são como tatuagem: as fazemos por motivos únicos; buscando propósitos, uma auto-afirmação. as vezes buscando revoluções internas, buscando chocar. e aí nos vemos eternos, radiantes, carregando consigo suas marcas por onde quer que estejamos.
você tinha 39. mas eu ainda posso escutar o arnaldo cantando.eu ainda posso lembrar da tatuagem e de como ríamos conversando sobre o leminski. sei que ainda hoje acreditamos no que o bigodudo dizia: "distraídos venceremos".